Escrevia os informes de trânsito do jornal. Era um trabalho, chato, metódico,mas trazia a importância de guiar a vida de milhares de pessoas em seus autos. Considerava , mais que um privilégio, uma vocação, que passava por gerações de arautos, desde a chegada do primeiro automóvel em sua cidade. Lembrava disso com se fosse hoje.
" Eu brincava no chão de areia do quintal de Malaquias , quando meu peão se enroscou em uma folha seca de amendoeira. O vento que a fez girar vinha do deslocamento produzido por aquela estranha máquina, que cortava os ares reluzindo o reflexo do céu árido daquela estação. Emperdigado em um terno de linho branco, me olhava, com ar senhoril, impecável senhor de cabelos grudados à cabeça e expressão de um honorável e sorrateiro desdém. Corri por uns metros acompanhando sua passagem até que se perdesse de vista por trás dos portões de cedro. Ao se fecharem pelas mãos de outrem, me iluminaram a infância sobre o doce porvir de uma nova era. Já sabia o que queria pelos próximos longos anos. Desde então, tentei cercar-me dessas máquinas o quanto pude e não houve dia em que não desejasse possuí-las até o verão de 47, quando,já crescido, ousei dirigir meu primeiro ford, emprestado, para conduzir uma formosa senhora ao mercado, próximo à catedral. Nunca mais as larguei, paixão e senhora, que por tantos anos me acompanharam, até não mais reluzirem. Vendo hoje os anos sem fim que nos separaram de um doce sufrágio , me encontro perdido entre tantas memórias, de planos e máquinas que rondam meus olhos. Divido-me ausente entre canos e abraços, seus beijos e amassos e o torque a roncar. O trânsito pára e a alma evapora, sou um morto de outrora em caixão singular. A caravana passa incólume e os braços que me levam caminham sem parar. Como o brilho de um ford, preto e brilhante, avista-se enfim meu corpo a baixar. Que a terra que um dia levantou-se trazendo aquela folha com um auto a passar, cubra-me agora com os planos e sonhos, que junto a Helena não pude encontrar."
O que é um Embromance?
Mais do que a simples análise e interpretação de suas palavras, o leitor, ao ler um texto, aprecia a sua métrica e, ao meu ver, principalmente, a sua sonoridade.
Toda palavra, além de um significado, possui uma forma e fonética, que auxilia a transmitir o grau de austeridade ou informalidade do que se quer comunicar.
Partindo-se destes pressupostos, os Embromances buscam exaltar a forma e a sonoridade em suas expressões, em detrimento completo de sua lógica ou real significado.
Cabe a eles embalar o leitor em uma atmosfera superficial de eruditismo e exaltação emotiva, sem que contudo coliguem-se as informações contidas em cada real significado das frases.
Menos vale o "ser" do que o "parecer ser".
Mais vale o símbolo do que o significado.
Não há como entendê-los sem experimentá-los.
Embarquem nesta experiência e apreciem.
Toda palavra, além de um significado, possui uma forma e fonética, que auxilia a transmitir o grau de austeridade ou informalidade do que se quer comunicar.
Partindo-se destes pressupostos, os Embromances buscam exaltar a forma e a sonoridade em suas expressões, em detrimento completo de sua lógica ou real significado.
Cabe a eles embalar o leitor em uma atmosfera superficial de eruditismo e exaltação emotiva, sem que contudo coliguem-se as informações contidas em cada real significado das frases.
Menos vale o "ser" do que o "parecer ser".
Mais vale o símbolo do que o significado.
Não há como entendê-los sem experimentá-los.
Embarquem nesta experiência e apreciem.
domingo, 13 de setembro de 2009
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