O que é um Embromance?
Mais do que a simples análise e interpretação de suas palavras, o leitor, ao ler um texto, aprecia a sua métrica e, ao meu ver, principalmente, a sua sonoridade.
Toda palavra, além de um significado, possui uma forma e fonética, que auxilia a transmitir o grau de austeridade ou informalidade do que se quer comunicar.
Partindo-se destes pressupostos, os Embromances buscam exaltar a forma e a sonoridade em suas expressões, em detrimento completo de sua lógica ou real significado.
Cabe a eles embalar o leitor em uma atmosfera superficial de eruditismo e exaltação emotiva, sem que contudo coliguem-se as informações contidas em cada real significado das frases.
Menos vale o "ser" do que o "parecer ser".
Mais vale o símbolo do que o significado.
Não há como entendê-los sem experimentá-los.
Embarquem nesta experiência e apreciem.
Toda palavra, além de um significado, possui uma forma e fonética, que auxilia a transmitir o grau de austeridade ou informalidade do que se quer comunicar.
Partindo-se destes pressupostos, os Embromances buscam exaltar a forma e a sonoridade em suas expressões, em detrimento completo de sua lógica ou real significado.
Cabe a eles embalar o leitor em uma atmosfera superficial de eruditismo e exaltação emotiva, sem que contudo coliguem-se as informações contidas em cada real significado das frases.
Menos vale o "ser" do que o "parecer ser".
Mais vale o símbolo do que o significado.
Não há como entendê-los sem experimentá-los.
Embarquem nesta experiência e apreciem.
domingo, 25 de abril de 2010
Quarentena
Saiu para trabalhar e resolveu passar um dia livre de tudo que o algemasse. Sentou em uma loja de sucos e pediu uma vitamina de mamão com abacate. Telefonou para o supervisor e avisou que estava passando malíssimo e, falseando a voz, tossiu e pigarreou o máximo possível. Ficaria de cama pelo menos uns três dias. E era contagioso. Um dia inteiro pela frente e nenhuma obrigação em casa ou no trabalho. Estacionou o carro na orla e foi passeando, sem camisa, pelo calçadão. Tirou o sapato e as meias e, melhor ainda, resolveu passear pela areia fofa, sentindo nos pés as ondas do mar. O celular tocou e era um número confidencial. Guardou o aparelho no bolso e botou no modo silencioso. Ninguém era mais importante do que ele, naquela manhã. Sentou-se na areia, observou os corpos dourados das moças caminhando para o mar, bebeu um mate gelado, fechou os olhos e arrumando a camisa com jeito, improvisou um travesseiro e dormiu. Um sono de anjo, como a muitos anos não alcançara. Acordou, horas depois, com um côco, batendo em seus pés, com a subida da maré. Eram três da tarde. Tirou o relógio do pulso e, com ele, o seu último mecanismo de escravidão. Ao levantar-se, vagarosamente, escutou uma voz feminina - Genaro! - não era com ele. A voz insistiu mais forte - Genaro!!! Ele olhou e viu uma senhora um tanto esbelta com um maiô frisado e um chapéu de palha. Olhou para ela meio sem jeito e, quando ia explicar o equívoco, recebeu um beijo apaixonado, daqueles que só vira nas fitas de cinema. - Há quanto tempo, Genaro! - Seu nome era Rubens, mas tudo bem. Ela lhe explicou que jamais entendera sua partida e que todos na sua cidade juravam que um dia se reencontrariam e reatariam novamente. Por noites planejara minuciosamente os detalhes de seu casamento. Encontrá-lo novamente agora era quase um milagre. Ainda guardava a foto dos dois atrás da capela, abraçados a frei Onofre. E lhe mostrou , resfolegante e orgulhosa, a fotografia, esmaecida e amarelada pelo tempo. -Vamos? - perguntou-lhe. Ele não disse nada. E de mãos dadas correram na areia, o vento salgado no rosto e o passado inteiro pela frente. Num bar, à beira da praia, ela lhe relembrava de tudo que se passou desde a sua inexplicável partida. E de como ela sofrera a sua ausência e compensara sua saudade fabricando roupas que vendia para a cidade grande. Era hoje riquíssima, mas faltava-lhe ainda um pedaço em seu coração partido. Tentado a lhe explicar o engano, sua voz era sempre calada por um beijo ou uma crise de choro. Pensou em explicar a ela que tinha a vida toda feita e milhares de compromissos. Ao fitá-la, porém, diretamente nos olhos encharcados, lembrou que nunca construíra nada e que tudo o que mais queria era uma mudança de vida. Apertando, por fim, os seus finos braços, jurou o eterno amor que lhe negara na juventude. De lá, foram à rodoviária e, a pedido dele, compraram um bilhete para o desconhecido, um lugar onde nunca tivessem estado. Casaram-se e ele nunca mais voltou para o seu trabalho. O supervisor colocou todos de quarentena, para salvar a empresa de sua doença gravíssima. Deu no noticiário que , desesperado, se jogara no mar. E Genaro sorriu, ao lado de Ruth, pedindo mais suco antes do jantar.
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